Desesperadamente

Fotocomposición de Alejandro Mascarúa. Foto de Stephan Lupino

(c) Revista "Etcétera" nº 400, Espanha, s/d

São muitos os dias, senhor. São mais numerosas ainda as horas, os minutos. E eu continuo o meu caminho. Tortuoso, em dias cinzentos, menos mau quando acordo e me faz sol na cara. Pesam-me os próprios dedos. Desfaleço.

Toquem a rebate. Porque urge salvar alguém. E esse alguém sou eu.

De que me serve a sensualidade? As minhas pernas? Os meus maneios, as loções, todo o meu jeito? Para ser quem sou, assim, desesperadamente?

JEO

A água és tu

(c) www.kaibab.org

O que tu vês nas pupilas dos meus olhos, quando estão vermelhos, são sangue coalhado, concentrado, apertado. Mais espesso que o normal. Nada mais. Para lá desse sangue há um leito de rio onde o rio não está. Porque a água secou.

A água és tu.

JEO

(Texto escrito em Julho de 2001)