(c) Paolo Pellegrin, Magnum Photos, "Funeral Muçulmano", Xining (China), s/d
Sentam-se a meu lado. Pedem-me licença para passar por mim. Vejo-os e não os conheço. Vivem à minha frente e nunca lhes disse o que pensava, sobre coisa nenhuma. Solitários, eles e eu. Acompanhados de todos e de ninguém. Acordados para dentro. Todos e cada um de nós.
Para dentro. Sem saída.
E isto não acaba. Antes se prolonga na infinidade absoluta dos dias e das noites. Na solidão contínua e interminável das horas.
Este império do tempo é quem nos prende, nos imola e nos afasta de quem somos. Mesmo quando tudo o que pretendemos é a fuga de nós mesmos.
Mas não há fuga possível. Eis o mal maior. Porque a prisão está em todo o lado e partilha dos mesmos passos que damos ao andar, sempre à deriva. (Texto escrito em 1996)
JEO
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