Amor sem beijo

O dia explode, carregado de opacas incertezas.
A imagem difusa, a reticência
espiam, nas esquinas da memória,
a base do que ontem era verde
e se dizia. Das altas fragas
cai um silêncio que transborda
das veias sopradas dos pinhais, o murmúrio
das sombras visitando o verde.

E há um vento a mergulhar
inteiro sob as pontes que vão
da ponta à ponta dessas fragas. É aragem
livre que explode também em alegria
sem corpo. Agora amor sem beijo.

O dia futuro ninguém o sabe, não há
quem lhe fixe partitura, nem maestro
comandante que o defina.

Revela-se o dia como vidro
fosco, gotejando uma indefinição confusa
espalhada pelas mãos
sobre o meu rosto.

(o poema, escrito na manhã de 6/3/2012 e dito pelo autor, pode ser ouvido aqui)
http://en.blaving.com/jakimoliveira/p/375544/Amor-sem-beijo-%28JEO%29

Sem comentários:

Enviar um comentário