(c) Bruce Davidson, Hastings, 1960, "Children playing on rocks" Lembras-te? De quando fazíamos os pés à estrada, ao pó e à lama, só para ver passar a água do ribeiro de Água d'Alto? De quando uma escádia nos magoava os dedos apenas porque queríamos experimentar a textura de um pedaço de madeira esquecido? De quando fumávamos uma palhinha à lareira, por inveja de ver o prazer na cara dos adultos que o faziam com mata-ratos? De quando nos batíamos só porque me passavas rasteiras no pelado da escola? De quando os "cóbóis" da aldeia nos destruíram a cabana de "índios" que contruímos com varas de mimosa? Ali, junto ao campo de futebol? De quando íamos à lenha?, às pinhas? Lembras-te? De que te lembras, afinal?
JEO
Sim, lembro-me de tudo... a cada palavra tua, lembro-me de tudo o que não vivi assim, apenas parecido. E cada palavra tua é uma imagem, que de repente se revela e desvela para mim, cada palavra é uma imagem que se concretiza, de assalto, no meu coração. Sim, lembro-me perfeitamente de quando nos batíamos na escola por causa de uma rasteira, de quando corríamos por todo o lado e o mundo, tão grande, era apenas nosso. Lembro-me de ser mais pequenina do que tu, dos "cóbois", dos indios. Obrigada por me restituires tudo isto.
ResponderEliminarÉs uma querida, pá!
ResponderEliminarJEO
Cada palavra tua é um arremesso de sensibilidade. Às vezes dói. Mas sabe tão bem... Continua, por favor. Por todos aqueles que não vivem sem palavras e pelos que ainda não descobriram o que elas valem. Que o fogo arda... ainda que com poucos comentários!!!!!
ResponderEliminarA dor que se manifesta por palavras, por vezes, não é real. Noutras ocasiões é a expressão exacta dessa dor.
ResponderEliminarIsto que escrevi nasceu, não de um estado de alma dorido mas de uma alegria imensa de ter vivido o que vivi. E que guardarei, para sempre, comigo. E que agora partilho com quem me quiser ler.
Reagir às minhas memórias com a sensibilidade com que tu o fizeste é sinal de que este espelho que somos é real. Obrigado pelo comentário, Paula.