Mas não é hoje o quê?

Não é hoje. Nem talvez nunca. Mas não é hoje o quê? Que decisão tenho de tomar? O que tenho de fazer? Quais são as minhas próprias directivas? Sentir o vento? Dar uma volta? Ter uma casa? Será? Será esse o meu desiderato?

Não, não é isso que quero para mim. Quero apenas chegar a um sítio qualquer onde me sente e olhe e mansamente diga, de mim para mim, 'Boa tarde'.

2 comentários:

  1. olá!
    chegar àquele lugar, longe de tudo e de todos e ser possível dizer tenho o meu mundo na palma da mão, enquanto olho o horizonte em busca da ilha perfeita.
    aos domingos no "paixões e desejos" vamos iniciar as nossas "sessões de cinema", esperamos que gostes.
    um abraço cinéfilo e bom fim-de-semana
    paula e rui lima

    ResponderEliminar
  2. e mesmo se tivesse o desacordo do mundo
    sempre diria que são possíveis as tardes inteiras
    e assim uma mesa com cabeça entre as mãos
    não o vício ordenando a existência
    mas uma casa desejo
    uma casa como as pernas da heroína dum filme que vi
    o som era o do grave violoncelo
    e no centro pessegos cor da pele
    assim a subir pela tarde como se fossem deusas
    e só por isto seriam já possíveis e inteiras as tardes inteiras
    e não me refiro às tardes do comercio ao domingo
    ou às de janeiro a dezembro bingo
    não
    essas nem nunca foram tardes inteiras
    e inteiras tardes também não
    sim
    o que digo destas tardes está assim por dentro daquela lei que desobedece a todas as leis
    e às vezes é só um breve instante
    um passaro à beira dum regato
    e doutras o silêncio que enlouquece se lhe viramos o rosto
    fico pois assim muito quieto
    tardes inteiras assim a matar a morte
    e não porque seja agora essa a tal noite à tarde
    mas porque também como aquela tarde sou inteiro
    e por aqui quero assim estar



    iii

    zech

    ResponderEliminar