Apetece-me escrever-te a cada vez que te penso. Por todo o lado, onde quer que me encontre, desejaria escrevinhar para ti, da mesma maneira que desejo estar no lugar para onde quero ir. A rua, principalmente, é onde mais me apetece falar-te por palavras escritas. Na maior parte das vezes não trago caneta, nem papel, nem spray de cores com que pudesse manchar paredes. Para ti.

Interrogo-me se o teu silêncio é esquecimento ou desamor. Ainda espero, acredita, que me digas alguma coisa, mesmo nada, mas que separes pelo menos por mais uma vez, esses teus dois fios de lábio por onde te saem as mentiras que me contas. Conta-me, vá lá, mais uma das tuas histórias de cavalos. Conta-me esses teus olhos de chinesa que nunca gostaste de reconhecer. Caso contrário, contarte-ei eu uma das minhas.

Será que tenho alguma?

(Lisboa, Dezembro de 1996. Foto: (c) Pedro Salgado, Lx, s/d)

Sem comentários:

Enviar um comentário