As quatro margens do rio

#

Quero uma janela à minha porta
um halo de luz
determinado
quatro margens de um rio envidraçado
quero com calma
perceber a minha cruz.

Quero uma montanha deitada
à minha sombra
num jardim desta cidade
que beba água do rio emoldurado
quero o vergão da palavra ronronada
pedindo sono ao colo que se dobra.

Quero o grito verde dos pinhais
assobiado no escuro do medo
dos silvos e dos troncos
incendiado no verão dos condenados
quero a chama acesa desse inverno
carvão soprado, a ponta do meu dedo.

Quero a distância de um só salto
a lúgubre conquista
no raso campo da batalha justa
seara de corpos trespassados
quero a vitória cantad’à janela
e que nenhum dos quatro ventos lhe resista.
#

Sem comentários:

Enviar um comentário