Sobra-te o cabelo pela tarde
Sobra-te o cabelo pela tarde
e o rio escorre, pedra a pedra
em chorada alegria horizontal
e o rio escama das margens,
em recado leva-te uma nova,
uma mensagem
- que os prados são verdes
às quatro da tarde livre.
Março, 2012
A uma quinta-feira
Há o hálito suspenso dos teus lábios
uma névoa de amor que se dissipa
Há um suor para sempre recordado
uma fome inexistente que se excita
Há a quinta-feira breve atordoada
uma memória benigna do que fica
Há um pleno desejo, um pleno transe
um copo esmaga a sede e acredita.O que nos move
Não é o eco da fome
o ribombar da sede
o espasmo do calor e do frio
a lenta fúria do cansaço
É o dilacerar do toque
o desgoverno do beijo leve
o bom estremecimento, a pele em fio
o querer querer o são regaço
o que nos move.
Areia, dança, mil
És a areia, o mar e a montanha
os pinhais todos do mundo
gotejando verde.
És a dança, o corpo, a lenha
longa miríade de vozes
sulcando pele.
piano aberto aos olhos
tocando leve.
Março, 8, 2012
Março, 8, 2012
Espaço aos elementos
Noite mutante
Viagem mutante
A tua lágrima de todos os dias
«A tua lágrima
de todos os dias».
Colaboração
na edição
n.º 9, «Quotidiano»,
de Outubro de 2011,
com a magazine
online «Mutante».
A ler e ver
nas páginas 65 e 66.
de todos os dias».
Colaboração
na edição
n.º 9, «Quotidiano»,
de Outubro de 2011,
com a magazine
online «Mutante».
A ler e ver
nas páginas 65 e 66.
Amor sem beijo
O dia explode, carregado de opacas incertezas.
A imagem difusa, a reticência
espiam, nas esquinas da memória,
a base do que ontem era verde
e se dizia. Das altas fragas
cai um silêncio que transborda
das veias sopradas dos pinhais, o murmúrio
das sombras visitando o verde.
E há um vento a mergulhar
inteiro sob as pontes que vão
da ponta à ponta dessas fragas. É aragem
livre que explode também em alegria
sem corpo. Agora amor sem beijo.
O dia futuro ninguém o sabe, não há
quem lhe fixe partitura, nem maestro
comandante que o defina.
Revela-se o dia como vidro
fosco, gotejando uma indefinição confusa
espalhada pelas mãos
sobre o meu rosto.
(o poema, escrito na manhã de 6/3/2012 e dito pelo autor, pode ser ouvido aqui)
http://en.blaving.com/jakimoliveira/p/375544/Amor-sem-beijo-%28JEO%29
Uma a uma, tentações
a magazine online
edição n.º 10 «Tentação»,
editada em Dezembro de 2011.
Oito pequenos textos
a ler e ver entre as páginas
47 e 63, com a presença das
belíssimas fotografias
de uma amiga: Diana Mendes.
Amanhã revelarás tudo o que ouviste
Amanhã revelarás
tudo o que ouviste
pela frincha da porta
atordoada.
São dormências
errâncias
cicatrizes
quanto ouves
quanto dizes
quanto guardas.
s/ tit. II
amas amas amas
desconhecendo a tua pele cumprindo a preceito o desconforto vegetando emoções e fé
ou os teus passos não gostas do teu nome e ao desgoverno dás as mãos
amas inadvertidamente o teu cabelo que enfraquece.
Fevereiro, 2012
Corpo
o traço nasce
instante novo.
hesitação.
depois o vento
e o silêncio
ficam
como sombras das partidas,
mas só na zona escura
olhados,
mas só no vento
ouvidos.
faz-se sempre tarde
num corpo
abraçado ao coração.
e o silêncio
ficam
como sombras das partidas,
mas só na zona escura
olhados,
mas só no vento
ouvidos.
faz-se sempre tarde
num corpo
abraçado ao coração.
s/ tit. I
o nada
a eternidade
a lenta paciência de uma árvore.
O tempo é tudo isto
um estranho efeito
um ciclo sempre e nunca consumado
o corpo rarefeito
acobardado.
Ainda aqui estou
ainda há tempo
para construir o absurdo
e ser perfeito.
(para ler em voz alta)
#
Não. Não pertence às mãos este querer. Sim.
Não. Nem às pontas frias dos seus dedos. Sim.
Não. Não sabe a doçura o já não ter. Sim.
Não. Nem a aspereza sabe a tanto medo. Sim.
#
Não. Não pertence às mãos este querer. Sim.
Não. Nem às pontas frias dos seus dedos. Sim.
Não. Não sabe a doçura o já não ter. Sim.
Não. Nem a aspereza sabe a tanto medo. Sim.
#
acção
#
abraça o estranho
entrega um corpo
aquece o sono
amaina um barco
encontra o ponto
levanta um astro
desfaz o laço
atira um seixo
acolhe o beijo
#
abraça o estranho
entrega um corpo
aquece o sono
amaina um barco
encontra o ponto
levanta um astro
desfaz o laço
atira um seixo
acolhe o beijo
#
Ferro inabitável
#
Encontrei o abraço no frio ferro
dei-lhe um beijo grato
dele brotou então um coração
alto relevo
zinco
azoto
e combustão.
Devolveu-me o abraço
e o beijo
e cirandou voando
ligeiro
num corpo etéreo de nuvem
de ferrugem cor do cobre.
Ferro inabitável.
#
Encontrei o abraço no frio ferro
dei-lhe um beijo grato
dele brotou então um coração
alto relevo
zinco
azoto
e combustão.
Devolveu-me o abraço
e o beijo
e cirandou voando
ligeiro
num corpo etéreo de nuvem
de ferrugem cor do cobre.
Ferro inabitável.
#
Aos teus lábios
#
Aos teus lábios
Matinais
Rosados
Entreabertos
Redondos
Cansados
Que agora vão
Ergo a taça da memória
O copo da boca
O cristal e o beijo húmido da carne
E bebo de um trago
A noite inteira que me deste.
#
Aos teus lábios
Matinais
Rosados
Entreabertos
Redondos
Cansados
Que agora vão
Ergo a taça da memória
O copo da boca
O cristal e o beijo húmido da carne
E bebo de um trago
A noite inteira que me deste.
#
Como ocupas tu as tuas mãos?
como ocupas tu as tuas mãos?
que lhes dizes
à tarde?
ao vento?
à noite?
de onde te vêm as histórias?
que lhes dizes
à tarde?
ao vento?
à noite?
qual a sua cor?
e que lhes dizes
à tarde?
ao vento?
à noite?
#
As margens unem pontes
#
e eu choro antecipadamente o teu regresso
todas as lágrimas se despem, felizes
da espuma do futuro que lhes dás...
e o corpo que carrego revigora, feito
do sangue bombeado em fulvo espasmo.
aguardamos a morte na distância
tacteando imagens sobre sombras
e a muralha a construir entre beirais.
choro antecipadamente o adeus que lançarás
ainda antes de que chegues à partida
o fruto caído aos pés da torre
não acredita que as margens unem pontes.
recebo-te com adeuses, que te vais
chegando, mais, mais longe. mais.
#
(trecho do poema «13 dias»)
e eu choro antecipadamente o teu regresso
todas as lágrimas se despem, felizes
da espuma do futuro que lhes dás...
e o corpo que carrego revigora, feito
do sangue bombeado em fulvo espasmo.
aguardamos a morte na distância
tacteando imagens sobre sombras
e a muralha a construir entre beirais.
choro antecipadamente o adeus que lançarás
ainda antes de que chegues à partida
o fruto caído aos pés da torre
não acredita que as margens unem pontes.
recebo-te com adeuses, que te vais
chegando, mais, mais longe. mais.
#
(trecho do poema «13 dias»)
As horas
#
Onde vives tu
meu sangue
meu rio
meu ar constante
Onde acabas
é de onde o teu fôlego
de que universo vem
a tua seiva
Sabe-me
sabe-me por dentro
diz o meu nome
diz-me o voo do insecto
diz-me a noite
Como contas os dias
quando acordas
Leva-me
dos meus medos
de mim mesmo
de onde estou
das minhas horas
Salva-me
de ser ainda cedo
do meu sangue
do que digo
Reclama para ti
as minhas mãos
o meu cabelo raro
aqueles passos
Sê meu alimento
a minha água
o meu caminho
Deixa avançar sobre o castelo
todas as armas
o inimigo
o fim da glória
Silêncio amado
acorda
que amanheço.
#
(também aqui)
Onde vives tu
meu sangue
meu rio
meu ar constante
Onde acabas
é de onde o teu fôlego
de que universo vem
a tua seiva
Sabe-me
sabe-me por dentro
diz o meu nome
diz-me o voo do insecto
diz-me a noite
Como contas os dias
quando acordas
Leva-me
dos meus medos
de mim mesmo
de onde estou
das minhas horas
Salva-me
de ser ainda cedo
do meu sangue
do que digo
Reclama para ti
as minhas mãos
o meu cabelo raro
aqueles passos
Sê meu alimento
a minha água
o meu caminho
Deixa avançar sobre o castelo
todas as armas
o inimigo
o fim da glória
Silêncio amado
acorda
que amanheço.
#
(também aqui)
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