Fernando Pessoa, 120 anos a 13 de Junho

Acaba-se-me a paciência. Regresso. Que horas são, afinal? 17 e 23? Outra vez? Ainda? Despejo mundos sobre a paisagem clara. E já não volto. Dizem-me. Vou apanhar-me. E corro. E não me canso. Que não me faz falta o cansaço. Não o comprarei em saldo. Ou em época baixa. Deixem-me correr, porra. Deixem-me respirar. Quero ser peixe. E respirar. Assim, de boquinha a soprar baixinho. Como que a dar um beijo no vazio. Constante. No vácuo imenso do fundo do tanque do aquário. Aproxima-se de mim uma dúvida. E esfrego as mãos. E respiro sem querer. Olho para o lado, fitando a janela. Mas sem olhar. Sinto aqui uma picada na barriga da perna. Aguarde, por favor. Vou ter de coçar isto. Que não passa. Chiça. Que não passa. Bom. Próóximôôô.

Foto (c) Joaquim Eduardo Oliveira, Velho BUS, Miraflores, Maio 2008

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