Alcoolemia-consciência

Depois acordaste-me e eu, bêbado de sonolências, perdi a cada respirar cada lembrança. Onde estivera? Tu me contarás. Sim, porque a tua história é a minha. Afinal, o universo é uno. Inverso. Um. Perdi toda a memória. Já me acontecia antes. Mas agora era mais grave. Soprei no balão da inconsciência e deu 1,21 gramas/litro de memórias. O meu estado de alcoolemia-consciência deu contra-ordenação. Fui condenado. Preferi pagar. Livrei-me. Mas não de mim. Que esse, sim, era o castigo mais-que-perfeito. Você vai ser sentenciado a livrar-se o seu corpo. A pagar 233 euros de multa. A viver sozinho. E a ter um emprego como deve ser. Disse o juiz. E eu, sem dinheiro para recursos, emigrei à força do meu corpo. Estrangeirei-me. Sou mais feliz agora. Ganho mais. E falo francês.
Foto (c) Joaquim Eduardo Oliveira, Lisboa, 2008

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